Como muitos sabem eu sou a mãe do Bartõ, um dog de um aninho de idade. Apesar de ler muito sobre comportamento canino e assistir muito Dr. Pet, percebi que além de mim, muitas pessoas que conheço têm muitas dúvidas sobre como ajudar nossos amigos de quatro patas.
Por isso, conversei com o Paulo Kaupa, adestrador da equipe Cão Cidadão. Pra quem não sabe o Cão Cidadão é um projeto criado pelo zootecnista Alexandre Rossi, nosso querido Dr. Pet.
Confira, abaixo a entrevista:
Viviane Leone: Em caso de filhotes que possuem comportamento agressivo fora de casa. Quais os passos que devem ser seguidos para que o dono melhore o comportamento do animal?
Paulo Kaupa: O primeiro passo é identificar o motivo da agressividade. O segundo, é identificar qual o gatilho, qual fato ou elemento que dá início à agressividade. Com as informações anteriores em mãos, é possível traçar um plano de treinamento adequado.
Viviane Leone: Nos passeios, quando o cachorro demonstra agressividade ao ver outros animais ou pessoas, e as punições como bater e brigar não funcionam, o que deve ser feito em meio ao acesso de raiva?
Paulo Kaupa: Em nenhuma hipótese deve-se bater no cão. Quando a bronca que está sendo usada não funciona, devemos encontrar uma nova bronca. Nesse caso, usamos o termo “escalar a bronca”. Por exemplo, quando o “não” dito pelo tutor perde o efeito, pode ser usado um borrifador de água. Como se o borrifador fosse um estágio mais alto de bronca.
Viviane Leone: Em muitos casos, agressividade é sinônimo de medo. O que os donos devem fazer para amenizar esse problema e dar mais tranquilidade para o cãozinho?
Paulo Kaupa: Uma vez identificado que a agressividade é por medo, vem o segundo passo que é identificar o gatilho, ou seja, medo de quê? E, então, fazer uma aproximação bem gradativa e de uma forma positiva do problema em questão, para que o cão perca o medo.
Viviane Leone: Se o cachorro já possui três anos, por exemplo, e não é sociável com outros cachorros. Como o dono deve iniciar esse processo de convivência?
Paulo Kaupa: O processo de convivência, a socialização entre os cães, deve ser feita com estímulos baixos (em ambientes com poucos cães) e sempre a uma distância que não cause desconforto ao cão antissocial. O tutor deve procurar um ambiente tranquilo para apresentar seu cão a outros cães, manter distância e, então, ir aproximando o cão de forma gradativa, sempre observando-o. Caso ele apresente algum desconforto, aumente a distância do gatilho.
Viviane Leone: Quantas vezes é recomendado passear com o pet? E por quanto tempo?
Paulo Kaupa: É recomendado passear com o pet pelo menos uma vez ao dia, de 20 a 30 minutos. É importante que o tutor verifique se o chão não está muito quente, pois podem ocorrer sérias queimaduras nos nas patas do cão.
Viviane Leone: Quanto aos dogs que não conseguem se separar de seus donos, e até os seguem pela casa. O que o dono pode fazer quando for sair para amenizar esse sofrimento?
Paulo Kaupa: Para os cães que não conseguem se separar de seus tutores, devem ser feitos treinos de pequenas separações em tempos pequenos (alguns segundos) e, então, aumentar este tempo conforme o cão aprenda a ficar sozinho. Treinos de autocontrole, como o comando “Fica”, também contribuem para o cão controlar a sua ansiedade.
Viviane Leone: Por que a castração é tão importante para machos e fêmeas?
Paulo Kaupa: A castração é importante para machos e fêmeas para impedir que a reprodução aconteça de forma descontrolada. No caso das fêmeas, a castração é recomendada pelos veterinários como forma de prevenir doenças no útero, como o câncer.
Viviane Leone: A castração surte algum benefício na parte sociável do cachorro?
Paulo Kaupa: O que pode se observar, é que a maioria dos cães castrados apresentam um comportamento mais tranquilo, o que traz uma vantagem na socialização.
Viviane Leone: No caso de cães pré adolescentes que estão com os hormônios à flor da pele. Como fazer eles se aproximarem de outros cães e impedir que tentem grudar?
Paulo Kaupa: Para que um cão adolescente não castrado se aproxime de uma cadela sem tentar copular, o primeiro ponto é saber se a cadela não está no período de cio, porque se ela estiver, a chance do cão querer copular é bem grande. Os comandos de obediência devem ser previamente ensinados ao cão, para auxiliar o tutor a controlá-lo neste momento.
Viviane Leone: Quais exercícios são indicados para cães de pequeno porte que são mais fortes, como o bulldog francês?
Paulo Kaupa: De modo geral, o melhor exercício para cães é o passeio.
Viviane Leone: Quando um cachorro não obedece a voz de comando do dono, quando está sem coleira, o que pode ser feito?
Paulo Kaupa: Em parques em que o cão pode ficar solto, possivelmente existem muitos cheiros e estímulos que tiram a atenção dele. Antes de soltar o cão nesses ambientes, o que pode ser feito é o treino do comando “Vem”, para que o dono de certifique que o cão vai obedecê-lo em diferentes situações, envolvendo diversos estímulos.